quinta-feira, 8 de agosto de 2013

ÁGUAS DE MERIBA

Como não havia água para o povo, este juntou-se contra Moisés e Aarão, e, levantando-se em motim, disseram: “Antes tivéssemos morrido, quando morreram nossos irmãos diante do Senhor! Para que trouxestes a comunidade do Senhor a este deserto, a fim de que morrêssemos, nós e nossos animais? Por que nos fizestes sair do Egito e nos trouxestes a este lugar detestável, em que não se pode semear, e que não produz figueiras, nem vinhas nem romãzeiras, e, além disso, não tem água para beber?” Num 20,2-5
Um fato me chama atenção nesse episódio conhecido com águas de Meriba, ou contenda. (Num 20,13) São as palavras duras que a assembléia dos israelitas pronuncia para manifestar seu descontentamento com a situação encontrada nessa etapa do êxodo pelo deserto na região de Cades. Manifestam o desejo de terem morrido na escravidão do Egito, chamam aquele lugar de terra detestável e reclamam que a terra não produz. Essa não é a primeira vez que isso acontece. Em outras situações de desconforto no deserto, o povo conduzido por Moises sempre manifestou o desejo de voltar a terra da escravidão, chegava a dizer que estavam até mesmo com saudades dos melões, das panelas de carne e cebolas do faraó. Juntando a essa revolta nas águas de Meriba, a expedição dos líderes de tribo a terra de Canaã, seja as palavras mais duras ditas pelos hebreus no deserto. No caso da expedição, eles chegam a reconhecer que a terra prometida era realmente como Deus tinha falado, terra que corre leite e mel, os frutos que eles tinham colhidos era a testemunha da veracidade da promessa de Deus. (cf Num 13,27) Entretanto, por causa dos obstáculos que encontraram, (Num 13,28) e do sentimento de inferioridade que tinham: “Não somos capazes de atacar esse povo”; são mais forte que nós. (Num 13,31) “Parecíamos gafanhotos comparados com eles”. (Num 13,33) Eles então depreciaram a terra que Deus lhes havia prometido, dizendo: “A terra- disseram eles- que exploramos devora seus habitantes, os homens que vimos ali são de grande estatura”. (Num 13,32) Eles chegaram ao cúmulo de dizer: “Oxalá tivéssemos morrido no Egito, ou nesse deserto, porque nos conduziu o Senhor a esta terra para morrermos a espada”? A verdade é que com essa revolta e com palavras tão duras o povo manifestou sua falta de fé na promessa de Deus e fez um voto íntimo com o sofrimento e a morte. Nenhum israelita saído do Egito entrou na terra prometida. Todos morreram no deserto como eles tinham desejado. (cf Num 14,2) ficou quarenta anos dando volta no deserto, um percurso de 300 km, gastaram 40 anos para percorrer, até que morresse toda geração saída do Egito e nascesse e crescessem a geração nascida na liberdade do deserto. Nem mesmo pessoa de destaque foi poupada da morte no deserto. Maria irmã de Moises morreu no deserto de Cades, Aarão, irmão de Moises e colaborador, morreu em Edom no cimo do monte Hor. (Num 20,22ss) Moises o grande profeta e libertador morreu no cimo do monte Nebo depois de contemplar de longe a terra da promessa. (Dt 34 1ss) Precisamos ficar atentos as esses acontecimentos do passado, deixá-los iluminar nossa caminhada no mundo hoje. Deus no prometeu também uma terra que corre leite e mel, o que eu estou fazendo com essa promessa? Olha que não estou nem falando de eternidade, de escatologia, estou falando de nossa realidade no mundo que vivemos. Seu casamento, seus filhos, ou seja, qual for seu estado de vida (solteiro, ou casado) é uma terra prometida é lugar de felicidade, seus sonhos e seus interesses que ainda estão por realizar e terra que corre leite e mel. Entretanto qualquer que seja a promessa de Deus para nós, encontraremos obstáculos que precisaram de paciência, fé e perseverança para serem vencidos. É preciso entender que somente quem nasceu livre encontra força para dizer como Josué e Caleb: “Vamos apoderamos da terra, porque podemos conquistá-la”. (Num 14,30) Muitas vezes achamos que somos livres, mas nossas atitudes mostram que estamos ainda condicionados a uma vida de escravos. Quando vejo uma pessoa que só sabe murmurar, queixar das dificuldades da vida e falar palavras malditas; lembro de episódios de minha infância, que era muito comum e meu avô e meu pai. Os dois eram domadores de animais na roça, gostavam muito de domar cavalos. Eles pegavam um potro xucro e o animal pula, não aceitavam rédea nem cela, para prendê-lo era preciso usar cabresto e marrar num tronco forte, senão ele arrebentava e corria pra manga. Com o passar do tempo o potro ia acostumando com a cela, com a rédea e ai já podia até colocar o freio. Para amarrar o animal bastava solta a rédea no chão ou em qualquer ramo que ele não fugia. Ou seja, estava condicionada a vida de um animal amarrado com cabresto e poste firme, que não arriscava a tentar fugir, mesmo estando praticamente livre. Paulo escrevendo aos Gálatas diz o seguinte: “É para que sejamos livres que Cristo nos libertou”. Portanto não podemos nos deixar escravizar por nenhuma situação que nos leve a abortar nossos sonhos e nossa felicidade. O Homem livre é a pessoa que fez experiência de salvação em Cristo Jesus. É a pessoa que despojou da velha criatura na cruz do Senhor Jesus, tornando se nova criatura, pelo poder de sua ressurreição Sigamos o conselho do apóstolo Paulo. “Nem vos entregueis a impureza como alguns deles se entregaram e morreram num só dia vinte e três mil. Nem tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, e pereceram mordidos pelas serpentes. Nem murmureis, como murmuraram alguns deles, e foram mortos pelo exterminador. (1Cor 10,8-10) Diante das dificuldades e sofrimentos possamos dizer: “Mas em todas essas coisas, somos mais que vencedores, pela virtude daquele que nos amou”. (Rm 8,37)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

FAZEI DISCÍPULOS

Neste Hosana formação, quero tomar como palavra rehma o belíssimo texto guardado pelo profeta Isaias 54,1-2. “Dá grito de alegria, estéril, tu que não tens filhos: entoa cânticos de júbilo, tu que não dás a luz, porque os filhos da desamparada serão mais numerosos do que o da mulher casada, declara o Senhor. Amplia o espaço de tua tenda, desdobra sem constrangimento as telas que te abrigam, alonga tuas cordas, consolida tuas estacas, pois deveras estender-te à direita e à esquerda; teus descendentes vão invadir as nações, povoar as cidades desertas”.
O contexto dessa profecia é muito interessante, pois ela acontece num momento de dor e sofrimento para o povo de Israel. Era o período do exílio na Babilônia. O exílio era diferente do regime de escravidão no Egito, na Babilônia o povo gozava de certa liberdade, podiam plantar e até celebrar sua liturgia, mas o certo é que estavam longe de sua terra e de sua cultura, longe do templo e muitos dos exilados tinham deixado familiares para trás e que a muito não viam nem tinham noticias. Nesse contexto, Deus os chama a construir o presente olhando para o futuro. Israel que era como mulher estéril que não gerava filhos, por isso sentia-se como desamparada, Deus a convidava para alegrar-se com gritos de júbilo, pois haveria de ser mãe de muitos filhos. Para isso era necessário melhorar a infra-estrutura ampliar a tenda, abrir espaço para acomodar todos os que a providencia divina iria trazer. Isso se aplica a igreja, mas, sobretudo hoje no contexto deste Hosana formação se aplica a RCC BH, particularmente aos nossos grupos de oração. Se não somos uma esposa estéril, graças a Deus não somos mesmo, pois é graça do Batismo no Espírito santo nos tirou da esterilidade, somos pelo menos uma mulher que engravida, mas não consegue segurar a gestação, isto explica porque sempre temos gente nova no grupo de oração, mas que não perseveram por muito tempo. Deus tem para nós tempo novo, de grande fecundidade apostólica, basta saber ler os sinais que ele está escrevendo na história recente da Igreja, onde os três últimos pontífices foram enfáticos em demonstrar a importância da RCC para a Igreja, o Beato João Paulo II a define como nova primavera para a Igreja, dando lhe comissão a de ser para a Igreja o rosto de pentecostes e espalhar no mundo a cultura de pentecostes. Em sua entrevista dentro do avião que o levaria para Roma, após a JMJ, o Papa Francisco disse o seguinte, quanto foi perguntado sobre a RCC: “Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam. Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são uma graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova”. Para que esse tempo de graça não passe sem que colhamos os frutos, é preciso que sejamos servos que tenham visão do projeto de Deus para a RCC. Sem ter essa visão definida do que Deus quer para nossos grupos de oração, vamos está sempre apagando incêndio em vez de programar o crescimento sistemático do grupo de oração. É muito bom está falando para servos de grupo de oração, servo sugere que eu esteja falando para pessoas que exercem algum tipo e grau de liderança sobre outras pessoas, então temos que ter visão do grupo de oração e do ministério que exercemos. Nas embarcações antigas havia um Marinheiro que viajava em uma gaiola que ficava acima do mastro, era conhecido como gaioleiro. Por ter uma visão privilegiada do mar, ele orientava os marujos que viajavam em baixo, os colocava a parte do que estava vendo, os motivava quando tinha terra à vista, os levava a se proteger quando tinha ameaça de tempestade. A missão do gaioleiro era de ampliar a visão dos outros para que todos navegassem na mesma direção, com segurança e com esperança de atracarem num porto seguro. No discurso de Paulo ao rei Agripa, quando esse, conta ao rei o testemunho de sua conversão, ele relata o seguinte: “Eu sou Jesus a quem persegues. Mas levanta-te põe-te em pé, pois eu te apareci para te fazer ministro e testemunha das coisas que viste e de outras que hei de manifestar-me a ti. Escolhi-te do meio do povo e dos pagãos, aos quais agora te envio para abrir lhes os olhos, afim de que se convertam das trevas a luz e do poder de satanás a Deus”. (At 26,15b-18) Então evangelizar é anunciar o kerigma, fazer com que cada pessoa tenha um encontro pessoal com Jesus, através desse anúncio. Entretanto faz parte da missão do servo ampliar a visão dos demais, mostrar para eles o que a RCC pensa sobre Grupo de oração carismático. A identidade da RCC é Batismo no Espírito Santo, mas Batismo no Espírito Santo com tudo que engloba essa experiência, que é a conversão continua com busca de santidade e a vivencia dos dons carismáticos na missão do Grupo de Oração. A manifestação e o uso dos dons carismáticos no Grupo de Oração devem ser de uso ordinário e não em ocasiões extraordinária. Hoje a maioria dos Grupos de oração não faz o básico que é a oração em línguas. Coordenadores de Grupo de Oração, ministros de música e animadores, nós temos que motivar os demais membros ao exercício dos dons, Dons de línguas, interpretação de línguas, profecia, dom da fé, dom de cura e milagres, dom de ciências e discernimento dos espíritos. Um grupo de oração que não negligencia os carismas torna-se um celeiro de servos, para todos os ministérios, porque esse é o desejo do Espírito Santo. Não adianta ter um celeiro de servos e não saber o que fazer, ou não seguir um programa sistematizado de formação. Vale aqui lembrar o conselho que Paulo da à Timóteo: “O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunha, confia-o a homens fieis que, por sua vez seja capazes de ensinar a outros. (2Tm 2,2) Seguindo essa metodologia de Paulo, temos que prestar atenção em duas coisas importantes, primeira: “O que de mim ouvistes”. O que Timóteo ouviu de Paulo, foi o que Paulo ouvira de seus formadores. Aos coríntios, Paulo escreve: “Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as escrituras”. (1Cor15,3) Primeiro Paulo recebeu o anúncio do kerigma, do próprio Jesus no caminho de Damasco, de Ananias ele recebeu o sacramento do Batismo, a efusão do Espírito Santo e a consciência da missão, de Barnabé aprendeu a ser pastor e do Espírito Santo, recebeu o conteúdo de seu anúncio, a revelação plena do Evangelho. Veja bem. Se olharmos para a estrutura da RCC, vamos perceber que a metodologia de Paulo é a do Conselho Internacional da RCC, que bebe da fonte da Igreja e repassa para o Conselho Nacional, esse por sua vez passa para os conselhos estaduais que assessora o conselho Arquidiocesano e esse com o ministério de formação passa para os grupos de oração e seus diversos ministérios. Eu pergunto aos servos que estão aqui no encontro, qual e a missão da RCC? A verdade é que ao sair de casa para o grupo de oração, eu tenho que sair imbuído da missão da RCC e infelizmente a maioria de nós não sabemos da missão. Quando muito sabemos da identidade da RCC, é importante saber da identidade. Agora conservar a identidade não significar que estou fazendo a missão. O Batismo no Espírito nos impulsiona para a missão da RCC, mas eu preciso está consciente dessa missão que é: “Fazer discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo, evangelizando o povo de Deus no Brasil, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo”. Todos os dia em que me dirijo ao grupo de oração para exercer meu ministério tenho que ter bem consciente, que estou indo evangelizar no poder do Espírito, para fazer discípulos. Para isso é preciso estar também ciente, que meu grupo de oração não é uma ilha isolada na Arquidiocese. A comunhão com a coordenação diocesana que se da através da coordenação de forania e regional, são fundamentais para a concretização de minha missão no Grupo de Oração. A coordenação Arquidiocesana disponibiliza para os membros de nossos grupos de oração o ministério de formação. (Antiga E.P.A) Acontece que se o grupo de oração não fazer a parte dele não adianta ter essa estrutura de formação. Vou dar um exemplo fácil de entender o assunto. Adianta ter uma Universidade Federal em cada município brasileiro, se não tiver a Escola de ensino fundamental? Claro que não vai adiantar, porque ninguém chega à faculdade sem passar pelo ensino fundamental e médio. Caros irmãos e irmãs é o seu grupo de oração quem tem que dá do ensino fundamental (Kerigma) e o ensino médio que e composto do Seminário de Vida no Espírito Santo, Seminário de dons, Seminário sobre Batismo no Espírito Santo e Experiência de Oração. Quando esses seminários acontecem em nossos grupos de oração, significa que nos estamos potencializando pessoas para aprofundarem no processo de formação continua, através Ministério de Formação. Estaremos formando servos para os mais diversificados ministérios, podendo até num futuro, ter um ministério de formação no próprio grupo de oração. Talvez você esteja querendo me dizer: Vitório, mas e se eu fizer tudo isso, como você me pede e não der certo, o grupo de oração ir i pra frente o que eu faço? Meu querido irmão e irmã não fiquem preocupados com esse fato, cabe a nós semear, a colheita pertence a Deus. O importante é terminar a sua coordenação, ou sua carreira de evangelizador com a consciência tranqüila do dever cumprido. O importante é na hora que o senhor nos pedir para sair de cena e passar o bastão da evangelização para outro, e poder dizer como Paulo: “Vós sabeis como não tenho negligenciado, como não tenho ocultado coisa alguma que vos podia ser útil. Preguei e vos instrui publicamente e dentro de vossas casas. Preguei aos judeus e aos gentios a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus”. (At 20,20-21)

quarta-feira, 24 de julho de 2013

O SEMEADOR

Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galiléia. Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz. Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. Outras sementes, porém, caíram em terra boa, e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. Quem tem ouvidos, ouça!” Mt 13,1-9
A impressão que temos ao ler a parábola do semeador, é que parece que ele não tem critério para semear, não faz uma análise criteriosa do solo para ver se compensa lançar nele a semente. Para podermos compreender melhor o que o Senhor Jesus quer nos falar hoje, temos que levar em conta a Palestina na época de Jesus, uma terra pedregosa, numa região de chuva escassa, cujo, semeador, semeia muito na esperança de colher pouco. Não se questiona a qualidade da semente, ela germina nos solos mais adversos, exceto as que cariam a beira do caminho. A beira do caminho é um terreno batido, a semente rompe a casca sem penetrar no solo, fica exposta a luz intensa sol, num ambiente sem água, torna-se alimento para os pássaros. Esse é o típico coração que carece do mínimo de fé, a Palavra do Evangelho e rejeitada sem ter o direito de penetrar o mínimo possível. Nesse caso o terreno pedregoso já se encontra avanço, porque nele a semente chega a germinar, o problema é que germina “logo”, o ciclo não é natural, a planta germinada não encontra meio para enraizar. Engraçado, eu nasci uma região tradicionalmente conhecida como região de seca, o Norte de Minas. A fazenda onde eu nasci é cortada pelo rio Jequitai, as árvores que compõe a mata ciliar tem um ponto em comum, as raízes mais longas e mais grossa, são as que se desenvolve na direção do leito do rio. É como se a árvore entendesse que o solo é pobre e que ela necessita da riqueza da água pra crescer e produzir fruto. O coração que recebe a semente da Palavra, para crescer e frutificar precisa estender raízes para o rio da graça divina, se isso não acontecer será a planta que seca, sem se quer florir, não tem esperança de fruto. Ainda tem a semente que cai entre os espinhos, vejamos bem, os “espinhos cresceram”, cresceram juntos com a boa semente, mas estes a sufocaram, não permitindo que chegasse a florir e frutificar. Fica aquela pontinha de culpa: “se eu tivesse roçado os espinheiro eu teria uma colheita maior. Até podemos achar o espinheiro bonito, entretanto ele é perigoso, podemos nos ferir, e também não produz fruto. A boa noticia mesmo fica por conta da semente que caiu em um terreno bom, germinou, cresceu, floriu e produziram frutos, trinta por um; sessenta por um e cem por um. Veja só, mas a colheita poderia ser maior, pois os vários tipos de solo encontram-se dentro de uma mesma propriedade: o interior de cada um de nós! Mas não vamos entristecer não, estamos vivendo em uma época de plena semeadura, portanto vamos fazer o seguinte: arara o terreno de nosso coração, tirar as pedras, roçar os espinhos, porque o semeador já vem preparar a nova safra. Esse processo de arar, tirar pedra, roçar espinhos, podemos chamar de conversão!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Quero misericórdia, não sacrifício

Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus. Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”
A vocação de Mateus e o acolhimento que Jesus dá aos cobradores de impostos devem levar-nos a um serio questionamento dos nossos métodos de evangelização. Jesus aproxima-se do posto de pagamento de impostos, dirige-se diretamente a Mateus, que está sentado a mesa das taxas e lhe diz: “vem e segue-me”. Frase que diríamos normal se não fosse Mateus quem ele é: um cobrador de impostos. Que exercia essa profissão era aliado ao império romano, por isso eram considerados como pessoa não grata entre os Judeus, perdia-se até mesmo o direito de cidadania, não eram considerados como filhos de Abraão. Eram tachados de pecadores públicos, daí o nome publicano. Quando Jesus o chama, ele olha para o Mateus, não para o cobrador de impostos. Mateus significa dom de Deus. O caçador de discípulos não exige de Mateus uma confissão pública de seus pecados, mas apenas o chama para o seguimento, pois ele entende como oração de cura o chamado que faz. E realmente é o chamado para o seguimento uma profunda oração de cura interior, tanto que Mateus não responde ao chamado de Jesus com palavras, com atitude surpreendente de deixar todo dinheiro sobre a mesa e seguir imediatamente o Mestre de Nazaré. Mateus deixa tudo e segue de imediato a Jesus, porque se sente amado pelo Mestre e não cobrado. Digo isso porque nosso método de evangelização é baseado na cobrança, os destinatários de nosso anúncio têm dificuldades de da uma resposta de conversão e caminhar no seguimento de Jesus, porque não de sentem amados na sua essência, como Mateus o foi. Veja bem, o gesto de Jesus deve ser imitado por todos os evangelizadores de hoje, Jesus não se esquiva entrar na casa de Mateus e sentar-se a mesa com os cobradores de impostos e pecadores. Porque cobradores de impostos não se aproximavam dos escribas e dos fariseus? Justamente porque não se sentiam amados e acolhidos por eles, mas cobrados, julgados e condenados. O destinatário de nossa evangelização só se sentirá seguro em abandonar a vida de pecado, quando de sentir envolvido por esse amor imerecido de Deus por ele. É para nós, os comunicadores da mensagem da salvação, que Jesus se volta hoje para dizer: “ide e aprendei o que significam essas palavras: eu quero a misericórdia e não o sacrifício”. Entre o homem e Deus tem o abismo do pecado, entretanto sobre esse abismo Deus construiu uma imensa ponte: a Cruz de seu Filho Jesus Cristo, essa ponte e pavimentada de misericórdia, dando a todo homem pecador a oportunidade de aproximar de Deus!

sexta-feira, 28 de junho de 2013

SE QUERES PODE ME PURIFICAR

Tendo Jesus descido do monte, numerosas multidões o seguiam. Eis que um leproso se aproximou e se ajoelhou diante dele, dizendo: “Senhor, se queres, tu tens o poder de me purificar”. Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, fica limpo”. No mesmo instante, o homem ficou curado da lepra. Então Jesus lhe disse: “Olha, não digas nada a ninguém, mas vai mostrar-te ao sacerdote, e faze a oferta que Moisés ordenou para servir de testemunho para eles”.
O episodio da purificação do leproso é providencial para esse momento. Jesus desce do monte das oliveiras, onde por dias ensina a multidão sua doutrina. Doutrina que não tira a validade da Lei, mas como ele ensina Leva a Lei a perfeição. O próprio Jesus disse no sermão da montanha: “Não julgueis que vim abolir a Lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los as perfeição”. Uma multidão o seguia, após a descida do monte, mas um leproso se destaca nesse cenário; “ele aproximou-se de joelhos diante dele”. Cena terminantemente proibida pela lei, que só permitia aos doentes atingidos pela lepra uma aproximação mínina de duzentos metros, tendo essa distancia desobedecida, o mesmo poderia ser punido com a morte. Jesus não só permitiu que ele o acompanhasse com toda multidão que o seguia, mas toca em sua pele carcomida pela doença manifestando o desejo de purificá-lo da doença. Jesus passa do discurso para a ação, da teoria para a prática. Jesus, com essa atitude de tocar no homem doente, ultrapassa a expectativa do mesmo, que queria somente a purificação. Ao tocar na ferida do homem Jesus, assume o risco de se contaminar pela doença, ou seja, coloca sua vida em risco para salva quem dele tinha necessidade. Jesus deixa bem claro que a vontade de Deus e a salvação do homem e a lei deve está a serviço dessa salvação. A encarnação do Verbo de Deus no seio da Virgem Maria, por si só já diz desse desejo de Deus de romper distancia. O próprio Deus se fez humano, sujeito a nossa fragilidade e por meio da doação de sua vida no altar da cruz, purificar-nos de todo pecado. Não se pode deixar de destacar a atitude do homem doente. Ele como bom judeu era observador da Lei, foi nela educado e educado para obedecê-la de formar irrestrita. Acontece que diante de sua doença ele reconhece a fragilidade da lei para responder sua necessidade de salvação. Ele reconhece que só Jesus tem o poder de purificá-lo, rompe com a prática da lei e ousadamente aproxima-se de Jesus. Ele rompe com um sistema que o segregava, que o mantinha doente e distante da cura. Só Jesus tem o poder de nos purificar! Reconhecer isso deve ser o motivador para rompermos com o pecado que nos escraviza. A mão de Jesus está sempre estendida e pronta para tocar e cicatrizar as feridas de nosso coração, ele é manso e humilde de coração, ou seja, permite-nos aproximar dele ao ponto de tomar sobre si nossos pecados e na Cruz se oferecer como vítima de expiação por nós.

sábado, 22 de junho de 2013

A viúva e o Juiz

Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: Faze-me justiça contra o meu adversário! Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me! E o Senhor acrescentou: Escutai o que diz este juiz injusto. E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra? Lc 18,1-8
Para infundir em seus discípulos a necessidade de cultivar uma vida de oração, Jesus conta essa parábola que destaca duas pessoas antagônicas. A viúva que pertencia à classe social mais excluída de Israel. Vivia em extrema pobreza, pois não tinha direito a herança, os filhos não tinham nenhuma obrigação legal com ela, para sobreviver dependia da piedade dos outros. O Juiz pertencia à classe dominante, de família bem conceituada e de situação financeira excelente, viviam quase sempre acima da lei. O que destaca nessa relação é a ousadia da viúva, que ignorando a disparidade social, batia todos os dias a porta do juiz pedindo justiça, esse para livrar-se de sua importunação, decide lhe fazer justiça. A ousadia dessa viúva é fruto de sua fé, por esse motivo Jesus conclui a parábola com uma pergunta: “Mas o filho do homem quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra”? Para toda ação existe uma reação. Para nossa ação de fé, a uma reação de benção, Deus deseja fazer justiça a nós, aliás, Ele já fez Justiça. A justiça de Deus consiste em nos amar, quando não merecemos ser amados e nada temos para retribuir o seu amor gratuito. A justiça de Deus nos incita a aproximar dele na humildade e no fervor da oração. Então é hora de achegarmos a Deus em nome de Jesus, na comunhão do Espírito Santo, pois ele tem pressa de nos abençoar.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Curados pelo Espírito Santo

Este é nome do nosso encontro anual de cura e também o lema do encontro nesse ano. Todas as pregações que ouvimos até agora, deram enfoque a água, que na bíblia e símbolo do Espírito Santo. Eu não poderia fugir ao direcionamento que o Espírito Santo nos deu para esse encontro, por esse motivo continuarei falando da água, símbolo do Espírito Santo. Espírito que derramado em nossos restaura todo nosso ser devolvendo-nos a originalidade perdida com o pecado. Não custa nada retomar aqui a já conhecida passagem do livro do Gênesis 1,2, quando o espírito repousa sobre a terra informe e envolta pelas trevas, fazendo gerar o cosmo. Nessa pregação vamos percorrer o itinerário de cura, caminho feito por Jesus para cura o coração ferido da mulher samaritana. Jesus podia voltar para Galiléia sem passar por Samaria, bastava ele passa pelo vale do Jordão, que era o caminho curto e por isso menos cansativo. Mas o capítulo 4,4, narra que “Jesus devia passar por Samaria.” A bíblia TEB fala que era “preciso” erra uma necessidade que Jesus tinha de passar por Samaria. “Chegou, pois a uma localidade da Samaria, chamada Sicar, junto das terras que Jacó dera a seu filho José. Ali havia o poço de Jacó. E Jesus fadigado da viajem, sentou-se a beira do poço. Era por volta do meio dia.” (JO 4,5-6). Esses dois versículos são muito esclarecedores para nós nessa tarde, pois mostra-nos entre tantas funções de um poço, lugar onde o homem fadigado de seu caminhar, encontrava repouso e água para matar sua sede. Ou seja, era como o Box de uma corrida de formula um, onde o piloto para, abastece seu carro, troca os pneus, e volta para pista. O poço para o povo de Israel era um lugar sagrado, por ser uma terra árida; eles perfuravam poços com mais de trinta metros de fundura, eram geralmente bem protegido. A beira do poço era onde a comunidade reunia para discutir. (EX 2,16) Lugar onde se escutava música. (JZ 5,11) Era um lugar de intensa vida comunitária. Vamos voltar a uma frase do verso cinco, “Era por volta do meio dia”. Engraçado que eu sempre entendi esse “meio dia” como o horário em que a samaritana foi ao poço buscar água, mas na verdade ele está ligado ao horário em que Jesus chega ao poço. Meio dia! Quando Jesus chega é hora de plena luz, naquele momento passa a não existir vestígios de sombra. A luz do meio dia chega para iluminar a vida de todos que se aproximassem do poço para serem restaurados de sua fadiga. Meio dia, significa que Jesus o Sol de Deus profetizado por Malaquias, estava no centro e com os seus raios de misericórdia desejava curar o coração ferido de todos os caminhantes que dele se aproximassem. Jesus está aqui em nosso meio, ao mesmo tempo em que ele é o sol de Deus que traz cura nos seus raios, ele é o verdadeiro poço de Jacó. Ele tem em si a verdadeira água vivificadora que tanto foi falado nesse dia de hoje. Jesus está aqui para curar e restaurar todos os que como a mulher samaritana aproximarem-se dele. “Veio uma mulher da Samaria buscar água. Pediu-lhe Jesus dá-me de beber.” (V 7) Pela resposta dada a Jesus pela mulher, pode-se perceber o vazio que se encontrava o seu coração. Servir água a um caminhante fadigado era um ato de gentileza, era uma prática fraterna tão comum naquela região, onde as distancias eram longas e água escassa.. Ao negar água a Jesus, aquela mulher recusa a graça que Jesus lhe oferece ao pedir. Precisamos estar atentos a isso, mesmo quando o Senhor nos pede alguma coisa é apenas para multiplicar a graça para nós. Vale aqui recordar um fato semelhante a esse, acontecido em Hur da Caldeia, quando Heliezer, escravo de Abraão foi procura um noiva para Isaac. Heliezer aproxima-se de Rebeca, junto a fonte de água e lhe faz o mesmo pedido: “dá-me de beber.” Ela prontamente serviu o escravo como também os seu camelos. Como recompensa recebeu braceletes e brincos de ouro e foi aceita como esposa do herdeiro de Abraão. Atender ao pedido do Senhor Jesus nesse dia significa abrir o coração para que ele possa derramar em você a riqueza de sua graça. Meu irmão (ã) nada do que você possa oferecer ao Senhor nessa tarde aumentara a sua gloria e sua grandeza, nem o que você negar a ele diminuirá sua gloria, mas o que você dá ao Senhor, com certeza, contribuirá para sua cura e salvação. É também preciso entender que a negativa daquela mulher, revela muito mais a ferida que ela trazia em seu coração, do que a recusa em atender ao Senhor. Isso fica claro, ela nega, mas acolhe Jesus, ou seja, ela si dispõe a dialogar com ele. Vamos conhecer um pouco da realidade da samaritana, assim também conheceremos um pouco de nós. No final do reinado de Salomão, houve uma divisão do reino de Israel, provocado por dois irmãos, filhos de Salomão: Roboão, que tinha direita a sucessão e Jereboão, que aproveitando a insatisfação do povo, insurgiu a revolta, ficando com onze tribos do norte sobre o seu reinado, e isolando a tribo de Judá, que era a dinastia de Davi. Os do sul, da dinastia de Davi, não reconheciam o reino do norte. O reino do norte para se fortalecer, proibiu que os seus súditos fossem a Jerusalém para adorar a Deus e construíram um templo no monte Garizim. Os judeus passaram a considerar os samaritanos como povo impuro, porque tinham se misturado a outras raças, eram chamados de cães, não podia a um judeu comer na Samaria. Os samaritanos sentiam se excluídos e cheios de complexos diante dos judeus, que os humilhava, com nomes e frases depreciativas. Sentindo-se rejeitados por Judá os samaritanos se tornaram um povo sem referencia religiosa, cada rei que chegava ao trono, construía um templo a um deus diferente, na verdade os cinco maridos a que se refere Jesus, são os cinco deuses que os samaritanos adoravam, quando Jesus fala do sexto marido ele se referia ao número seis, que significava o numero do imperfeito. Personificando essa mulher, vamos melhor entender sua feridas. Uma mulher que tinha um profundo sentimento de rejeição, por parte da sociedade e também da comunidade religiosa. Tinha tido cinco maridos, ou seja, ela não tinha uma referencia, não tinha um porto seguro para ancorar seu coração. Isso também acontece com cada hum de nós. Na vida espiritual, quando perdemos a referencia que é o Senhor Jesus, começamos a colecionar “maridos”, no templo do nosso coração a lugar pra edificar os deuses fabricados pela frustração humana. Quando não nos deixamos amar por Deus, sempre estaremos recorrendo ao poço de Jacó, bebendo de uma água incapaz de nos saciar. Olha bem o que diz Jesus para aquela mulher, apontando seu dedo para o poço: “todo aquele que beber dessa água, tornará a ter sede” (13). Por mais que se insista com essa água parada e estagnada do poço de Jacó jamais seremos saciados. Pelo contrário, se alastrará mais nossa ferida. Se você tem uma ferida e lava ela com água suja, com certeza ela tende a inflar mais ainda. Meu irmão (ã) Jesus tem uma proposta pra você hoje, a mesma que ele fez aquela mulher sedenta de amor, necessidade de cura: “Se conhecesses o dom de Deus e quem é que ti diz: Dá-me de beber, certamente tu mesma e lhe darias uma água viva.” (10). Jesus está lhe propondo dá a água viva, água do Espírito, Espírito Santo que sacia sua sede de amor e revigora suas forças para continuar fazendo caminho, na direção do céu. Jesus é o verdadeiro poço de Jacó. É do coração de Jesus que nasce a fonte maravilhosa, só Ele tem essa água com propriedades terapêuticas, capaz de atender plenamente a necessidade humana. Jesus está aqui tão presente como estava no templo em Jerusalém, na festa das semanas, quando no dia da celebração das águas ele no púlpito central apontava para seu peito e CLAMAVA: “Se alguém tiver sede, venha a mim e beba” (JO 7,37). Jesus é o verdadeiro Rochedo do Horeb, os Israelitas saídos do Egito, estavam extenuados de sede, não havendo sinal de água eles se revoltaram contra Moises, esse acuado pelo povo sedento clamou a Javé, que lhe deu a seguinte ordem: “Fere com teu cajado essa rocha, e dela brotará água para o povo” Moises assim o fez, e diz a tradição judaica que essa água acompanhou o povo pelo deserto até a entrada da terra prometida. Jesus é o verdadeiro Rochedo, porque é do seu flanco aberto pela lança do soldado na cruz, que jorra para a igreja a graça de um continuo pentecoste. É do lado aberto de Jesus na cruz e flui na direção de cada um aqui nessa tarde o dom do Espírito para nossa cura e para nossa libertação. Quando Jesus propôs a samaritana dar-lhe uma água viva, ela não hesitou em responder: “Senhor, dá-me dessa água, para eu já não ter sede nem vir aqui tira-la!” (15) Vamos então ficar de pé e pedir ao Senhor Jesus essa água que cura, vamos pedir ao Senhor o derramamento do Espírito em nos...

quinta-feira, 13 de junho de 2013

FÉ FUNDAMENTADA NA FORMAÇÃO

Apresentação do Pregador - Eu milito na RCC desde… Sem dúvida foi a mais bela experiência de minha vida, por isso guardo detalhes desse dia. Rogo a Deus para que esse congresso da RCCBH seja também um marco na vida de todos nós que estamos aqui. Lembrar o tema do congresso – Está e a vitória que vence o mundo: a nossa fé (1Jo 5,4b) Poderíamos dizer que está é a palavra Rhema (Palavra inspirada que norteia a caminhada da RCC no Brasil nesse ano de 2013. E não podia ser diferente, pois entre tantos outros bens, sem dúvida o ano da fé foi o grande legado deixado para a Igreja, do frutuoso pontificado do Papa Bento XVI. Meu amigo Cristiano Costa, presidente do Conselho da RCC MG, falou para nós sobre a Fé como condição para a salvação, o catecismo nos ensina que “É necessário, para obter a Salvação, crer em Jesus Cristo e naquele que o enviou para nossa salvação. Como, porém sem fé é impossível agradar a Deus (Hb 11,6) e chegar ao consórcio dos seus filhos, ninguém jamais pode ser justificado sem ela, nem mesmo conseguir a vida eterna, se nela não permanecer até o fim (Cts 161). Nesse ano da fé, Deus nos proporciona por meio de sua Palavra a graça de ter um encontro pessoal com seu Filho Jesus. Em certa ocasião Jesus subiu a Jerusalém, era na festa das semanas, ou, das tendas como queiramos. Essa festa durava várias semanas, no último dia, o mais importante, Jesus entrou no Templo em alta voz clamava: “Se alguém tem sede venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura: do seu interior manaram rios de água viva”. (Jo 7,38) Jesus, continua hoje a procura do homem sedento de Deus, chamando-o a fé, a acreditar nele para que seu coração seja saciado. Como observamos por esse versículo é o próprio Jesus que nos chama a fé. O tema de minha pregação é: Fé fundamentada pela formação. O tema é ao mesmo tempo o conteúdo dessa pregação, que visa o crescimento e o amadurecimento da fé que recebemos do Senhor. Para que isso aconteça vamos fundamentar nossa pregação na carta de São Paulo aos Efésios 3,14-20. A carta aos Efésios está entre as cartas do cativeiro, ou seja, é uma carta que Paulo escreveu quando estava preso. Daqui nós já podemos tirar uma grande lição. As cartas do cativeiro e incluindo essa aos Efésios, são grandes tesouros que Paulo deixou como herança para a Igreja, cartas de uma riqueza espiritual incomensurável, mas que foram escritas em momentos de muita dor e sofrimento, no auge de sua paixão por Cristo e pela Igreja. Só se consegue extrair tão rico conteúdo no auge de tanta dor, quem tem uma fé, fundamentada em Cristo Jesus, fé pura e ao mesmo tempo amadurecida. Para esse ícone do cristianismo, que é Paulo, podemos citar a célebre frase de Dom Helder Câmara: “Há criaturas como cana, mesmo posta na moenda, esmagada de todo, reduzidas a bagaço, só sabem dar doçura”. Nesta oração, porque não sei se vocês perceberam que é uma oração que Paulo faz no meio da carta. Imaginem Paulo, escrevendo e de repente, põe se de Joelho e começa a escrever essa súplica a Deus. Ele ora não somente para a comunidade de Efésios, mas para toda Igreja e hoje especificamente para a Renovação Carismática Católica da Arquidiocese de Belo Horizonte; e não é demais falar isso, porque está palavra e o Rhema dessa pregação, portanto, Palavra de Deus inspirada para todos nós que estamos aqui. Ele ora para que sejamos robustecidos do Espírito Santo e Assim Cristo habite em nossos corações pela fé. Hoje vivemos num mundo, onde a tendência é a relativização da fé, tudo e relativo à verdade muda conforme os interesses da sociedade. Homens e mulheres querem servir um deus que aprove os desejos de seu coração e não a um Deus quem tenham que aderir a sua vontade. Na carta apostólica Porta Fidei, onde o Papa Bento XVI proclama o ano da fé, Ele fala que no nosso passado, nossa cultura era influenciada pela fé, por exemplo, cidades e ruas com nomes de santos, eram comuns imagens de nossa Senhora em escola, crucifixo em salas de aulas, repartições públicas etc. O papa continua dizendo que hoje não é mais assim, porque vários setores da sociedade vivem uma crise de fé. Vejam bem: É nesse deserto secularizado que somos chamados a testemunhar nossa fé em Jesus Cristo. Para definir como deve ser nossa experiência de fé, Paulo usa duas palavras muito fortes: “Arraigados e consolidados”. Arraigado e o mesmo que lançar raízes é como uma árvore que lança suas raízes no solo para poder crescer. Em frente à Comunidade Reviver, tem uma árvore muito alta, mas com uma inclinação muito intensa, manifestei minha preocupação com essa árvore a um profissional da área, falei do medo que eu tinha dessa árvore cair em cima dos prédios e causar uma tragédia. Ele me respondeu dizendo que a árvore estava em plena saúde, para eu não preocupar com a altura dela, pois quanto mais alta, mais suas raízes cresciam e se arraigava no solo e a base onde ela estava era sólida, ou seja, o terreno era bom. Portanto uma fé arraigada é uma fé que fixou de maneira consistente no coração do homem e da mulher. É uma fé que radicou no coração do crente e que nada e ninguém poderão tirar. Para que a fé consiga enraizar e o individuo crescer é fundamental que a base seja sólida, assim a fé vai enraizar e consolidar. O que eu estou querendo dizer com isso tudo é que a fé tem que ter como base a experiência de salvação em Cristo Jesus, experiência que se da por um encontro pessoal com ele. Jesus é a rocha sólida, onde fincamos a raiz da fé para que nossa construção seja edificada com segurança. Paulo definiu isso muito bem quando escreveu aos coríntios: “Quanto ao fundamento, ninguém pode pôr outro diverso daquele que já foi posto: Jesus Cristo” (1Cor 3,11) O encontro pessoal com Jesus é a base solida. Sustentado nessa base, o seguimento a Jesus por meio de uma formação permanente é o que garantirá a solidez dessa construção. Quanto se fala em formação e formação permanente na RCC, a setores e lideranças que não aceitam, torce a cara, talvez isso se deva a mal entendido no passado, mas que hoje devem ser superado, porque a solidez e o crescimento do movimento dependem da formação dos lideres, não só na formação de líderes, mas em líderes formadores de formadores. É a ordem que Paulo da para Timóteo, “O que ouviste de mim na presença de muitas testemunhas, confiam a homens fieis, que sejam capazes de instruir a outros”. (2Tm 2,2) Eu tenho uma amiga que me relatou um fato interessante que faz parte da história de sua família. A família dela é arraigada Betim, região metropolitana de BH, Ela me disse: “Meu pai quando chegou à Betim não tinha nada, montou com muito trabalho um pequeno comércio que com trabalho e dedicação se transformou em uma distribuidora de bebidas que cresceu e se estabeleceu, abriu filial em várias cidades de destaque no interior de Minas, em pouquíssimo tempo tornou-se um homem mais rico da cidade. O grande erro de meu pai foi pensar que ele nunca iria morrer, ou que não morreria tão novo como foi, 51 anos. Ele nunca deixou as filhas trabalharem com ele, somos duas, e os dois filhos que trabalhavam com ele, nunca conheceram a administração da empresa, não sabia o funcionamento da mesma, porque ele nunca ensinou. Um ano depois da morte dele, meu irmão que assumiu a empresa, a levou a falência, tivemos que dispor de terrenos e galpões que tínhamos nas cidades espalhadas pelo estado para saldar dívida, depois de 20 anos da morte dele ainda estamos com dívidas e os irmãos não conversam entre si, fica um culpando outros, e outros culpando um, mas o grande erro foi de meu pai que não formou ninguém para fica no seu lugar. Irmãos, isso pode acontecer em nossos grupos de oração, caso nossa metodologia de evangelização não seja a mesma metodologia de Jesus, metodologia essa encarnada por Paulo, a do discipulado, que inclui o seguimento a Jesus e uma formação permanente de seus membros. O discípulo com a mentalidade de formador é um discípulo empreendedor, que tem conhecimento da vontade de Deus. Paulo escrevendo a Timóteo nos revela qual a vontade de Deus: Deus “deseja que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade”. (1Tm 2,4) Então tendo o conhecimento de Que Deus quer que todos os homens se salvem o que você como coordenador de Grupo de oração, membro de núcleo ou ministério tem que fazer? A resposta é única e lógica, fazer com que todos os homens e mulheres cheguem ao conhecimento da Verdade que é Jesus pelo anúncio do Evangelho. Agora a pergunta é outra, você pode correr com a Palavra de Deus por sua comunidade, paróquia e pela Arquidiocese e levar o evangelho a todos os homens e mulheres que precisam? Claro que não pode, não tem como uma só pessoa atingir tanta gente. Mas em vez de você correr com a Palavra, você pode fazer a Palavra correr. Entretanto, para fazer a Palavra correr você precisa formar corredores. Verdadeiros maratonistas da palavra, que se espalhem por todos os pontos fazendo a palavra correr. Engraçado, que eu conversava com um servo da RCC a respeito da necessidade de formação. Ele é um dos contrários a essa questão de formação. Ele retrucou minha argumentação a respeito de formação dizendo o seguinte: Eu sou contra esse negocio de formação, prefiro agir como Paulo. Ele teve um encontro pessoal com Jesus no caminho de Damasco e depois sem dar satisfação a ninguém começou a pregar e testemunhar o nome de Jesus, Paulo não teve que freqüentar nenhum curso de formação e também não teve nenhum mestre formador. O Próprio Jesus era contrário a essa idéia, quanto ele disse: “Não vos façais chamar de mestres, porque só tende um Mestre, o Cristo”. (Mt 23,10) Será mesmo que Paulo não teve nenhum formador? Claro que essa idéia e falsa. Paulo teve pelo menos quatro formadores em sua caminhada, se assim não fosse, não teria chegado a compreensão do projeto de Deus como ele chegou. O primeiro Formador de Paulo o Mestre Gamaliel, como ele mesmo afirma: “Eu sou Judeu, nasci em Tarso da Cilícia, mas me criei nessa cidade, instrui-me aos pés de Gamaliel em toda observância da lei de nossos pais” (At 22,4) Como ele mesmo afirma Gamaliel foi o responsável por sua formação religiosa, ensinou tudo que ele sabia a respeito da Torá, porque ele dominava muito bem á, a lei de Deus. Em suas cartas Paulo se mostra grande conhecedor da Lei, e dos profetas, isso ele aprendeu na escola de formação do mestre Gamaliel. O segundo formador de Paulo não é identificado, mas pela formação intelectual, sabemos que ele existiu. Paulo é conhecido pelos exegetas como homem de três almas, porque conhecia muito bem a cultura judaica, era judeu de sangue, cidadão romano de direito e profundo conhecedor da cultura grega. Gamaliel o formou na cultura judaica, mas alguém teve que formá-lo na cultura romana e grega. Essa formação Greco romana foi de fundamental importância para que ele não caísse no fundamentalismo judeu e farisaico. O terceiro formador de Paulo o discípulo Ananias. Depois do encontro de Paulo com Jesus na estrada de Damasco. Jesus lhe ordena: “Levanta-te e vai a Damasco e lá te será dito tudo o que deves fazer”. (At 22,10) Chegando a Damasco Ananias se apresenta a Paulo dizendo: “Irmão Paulo recobra a tua vista” (At 22,13) Naquele mesmo instante ele voltou a enxergar. A primeira missão de Ananias foi a de fazer Paulo enxergar, até antes do acontecimento na estrada de Damasco, ele só enxergava a lei como caminho de salvação, no episódio da estrada ele vê Jesus, apesar de sair dali convicto de que Jesus é o caminho de salvação, ele ainda via de maneira confusa, enxergava Jesus e a Lei. O baque da conversão foi tão forte que ele passou a ter visão confusa, não sabia o caminho a seguir, por isso foi levado pelos seus companheiros até a cidade. Depois continuou Ananias, “O Deus de nossos pais te predestinou para que conhecesses a sua vontade, visse o justo” (At 22,14a) a Segunda parte da missão do Formador Ananias foi a de fazer Paulo conhecer a vontade de Deus, sem conhecer o desejo de Deus não tem como servi-lo. E fazer com que ele visse o Justo. O Justo é Jesus! Talvez você me pergunte, mas ele não o tinha visto no caminho? Tinha sim, mas ele estava com a visão confusa, enxergava Jesus misturado com a Lei, agora Ananias amplia a visão dele, isso faz que Paulo considere tudo como perca em comparação ao bem maior: Conhecer Cristo Jesus. Ananias, além de ministrar a Paulo o sacramento do batismo, orando para que ele fique cheio do Espírito Santo, forma em Paulo a consciência missionária, “pois lhe serás, diante de todos os homens, testemunha das coisas que tendes visto e ouvido”. (At 22,15) O quarto formador de Paulo é o maior e mais importante, não para menosprezar os outros, mas porque ele além de ter pessoalmente trabalhado na formação dele, atuou inspirando os outros formadores: O Espírito Santo. Depois da crise inicial que Paulo viveu no início de seu ministério, a Igreja de Jerusalém o envia para Tarso. Paulo vai para casa, era hora de parar, Deus não queria lhe falar mais daquele modo espetacular no caminho de Damasco; era o momento de Paulo se recolher ao silencio, para Deus lhe falar ao coração. Paulo ficou 14 anos em total anonimato, alguns estudiosos afirmam que ele foi para o deserto da Arábia, era chegada à hora do Espírito Santo plasmar no filho ilustre de Beijamim a imagem de Cristo Jesus. Chegou o momento de ele viver o que muitas vezes ele tinha lido na profecia de Oseías, “Atrair-lhe-ei ao deserto e falar-lhe-ei ao coração”. (Os 2,16) A relação de Paulo com o Espírito Santo era tão pessoal e íntima que ele chega a dizer sem nenhuma vanglória o seguinte: “Asseguro-vos irmãos, que o Evangelho pregado por mim não tem nada de humano. Não recebi nem aprendi de homem algum, mas mediante uma revelação de Jesus Cristo” (Gal 1,11-12) O Espírito Santo é que revela a Paulo o evangelho pregado por ele. Paulo encarnou tanto o Evangelho revelado pelo Espírito que ele Chega a chamar de seu o Evangelho, “Aquele que é poderoso para vos confirmar, segundo meu Evangelho”. (Rm16,25) O evangelho era dele. O Espírito Santo não só revelou a ele a Boa Nova, mas indicava a ele onde, não devia e onde ele deveria pregar. “Atravessando a Frígia e a província da Galácia, foram impedidos pelo Espírito Santo de pregar o Evangelho na província da Ásia. Ao chegarem aos confins da Mísia, tencionavam seguir para a Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu. Dpois de haverem atravessado rapidamente a Mísia, desceram a Trôade. De noite Paulo teve uma visão: um macedônio, em pé diante dele, lhe rogava: passa à Macedônia e vem em nosso auxilio. Assim que teve essa visão, procuramos partir para a Macedônia, certos de que Deus nos chama a pregar-lhe o Evangelho” (At 16.6-10) Vamos nos unir a oração de Paulo, a oração da Igreja e pedir a Jesus que venha nos robustecer com nova efusão do Espírito Santo, Que Ele forme em nós essa consciência de discípulos formadores de formadores, para a maior glória de Deus, para o bem da Igreja e para o crescimento da RCC em nossa Arquidiocese!

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Sem cera

Por puro capricho de Deus, depois que me divorciei em Janeiro de 2000, tem acontecido algo de extraordinário no meu ministério de oração. Tenho atendido tanto homens como mulheres que vem de relacionamentos sofridos, cuja, feridas estão tão vivas que parecem não ter remédios para cicatrizá-las. Outras vezes aparecem casais que já estão separados, ambos manifestam o desejo de reconciliação, entretanto no ato da separação usaram armas tão letais contra o outro, que causaram terríveis feridas no amor. Nesse caso o casal se distancia tanto, que a volta é como caminhar num labirinto, damos volta em torno de nós mesmo e não achamos saída para entrar no coração do outro. Se eu pudesse promulgaria uma lei para reger os relacionamentos: “É proibido fazer o outro sofrer”. Hum! Que lei mais boba, boba sim, porque já tem uma perfeita, só que os casais insistem em não cumpri-la. “Amai-vos uns aos outros, como eu vos amo”. (Jo 15,12 ) Então o que eu diria para os casais? Tanto para os que estão a caminho do matrimônio, como os que já estão em matrimônio. “É proibido abortar o sonho do outro”. Nesse caso ambos precisam ser sinceros. A palavra “sincero” vem de “sem cera”. Cera que era usada na antiguidade para fazer máscara. É atrás da máscara que a realidade se esconde, para dar lugar a fantasia. Então para um relacionamento ser frutuoso, antes é preciso que homem e mulher apresentem-se um ao outro sem cera, pois o sonho do outro é sagrado e merece respeito. Afinal, porque estou escrevendo isso? Lá venho eu fazendo pra mim mesmo, perguntas quase sem respostas. Tem hora que da vontade de rir de mim mesmo. Meus pensamentos ficam questionando meus pensamentos a procura de resposta. Eu sempre faço como os bovinos! Calma que eu explico. O boi pasta o dia inteiro, durante a noite rumina o alimento ingerido, ele regurgita para a boca o capim e o mastiga novamente. Durante um dia de atendimento de oração, eu escuto várias histórias, que em um determinado momento, as regurgito de volta a memória para mastigá-las. Às vezes sou surpreendido com perguntas que me obrigam a tomar decisões rápidas para responder. Sabe aquela resposta que você tem que dar, quase que em fração de segundo, sem ter o direito de errar? Pois é, sem ter o direito de errar, porque o erro compromete a vida da pessoa que te pergunta. Dependendo de sua resposta, você ressuscita o monstro, ou desperta o anjo na vida da pessoa. Um dia atendi uma senhora de meia idade, ela chama-se “Carência”, ela era casada com um senhor um pouco mais velho. “Carinhoso” é o nome dele. “Carência me contou sua história, para fazer uma pergunta: “Depois de mais de vinte anos de casado, meu marido resolveu sair de casa, envolveu-se com outra mulher, que por sinal era nossa vizinha, chamava-se “Paixão”, era bem mais nova que eu, porém falavam por aqui que ela tinha uma doença grave. Dizendo-se apaixonado por ela, foram morar juntos. Mudou-se para uma cidade distante, Ilusolândia. Nunca vi essa cidade no mapa. Depois de três anos, a doença de “Paixão” agravou e ela veio a óbito. Com seis meses de viuvez, ele começou um romance com uma tal “Soledade”, que morava na mesma cidade. Segundo ele, o Romance foi curto, pois “Soledade era muito deprimida. Quando eu menos esperava, “Carinhoso” me ligou dizendo que queria voltar para casa. pois “Saudade”, nossa filha caçula, tinha convencido ele, que o lugar dele era do meu lado e do lado dos filhos. Então eu disse: pode voltar. Três meses se passaram e ele não voltou e não ligou mais. Num domingo de madrugada o telefone quebra o silêncio da noite. Era ele me fazendo um pedido: “você podia vir aqui em Ilusolândia me buscar pra casa, porque estou com vergonha de voltar e encarar você e meus filhos, depois do que eu aprontei. Ela então me disse: antes de ira buscá-lo, quero te pedir uma opinião, o senhor acha que devo ir buscar meu marido? Eu respondi em alta voz e bom tom: nesse caso não! Já esperando a réplica da pergunta, escutei: “Mas o Pai amoroso não foi ao encontro do filho pródigo”? Pergunta que parece de difícil resposta no caso de “Carência”, entretanto e muito simples. No caso do filho pródigo, houve o reconhecimento do erro e um pedido formal de perdão, sinalizando que o filho encontrava-se em sincero arrependimento. Ele voltava, não só porque tinha perdido tudo, mas porque a generosidade do pai para com os empregados já lhe projetava a volta com retorno satisfatório. No caso do marido dessa senhora, não houve arrependimento, quando muito ele teve remorso. O remorso não macera o coração na humildade, mas o faz inchar de orgulho. O orgulho deixa sempre a pessoa sujeita a repetir o mesmo erro. Quanto os conflitos aparecerem, porque conflitos aparecem onde humanos se relacionam. O orgulhoso não sabe administrar, ele tem sempre uma válvula de escape. “Eu não pedi pra voltar, foi você que foi me buscar”. Pior que foi mesmo. “Você me aceitou de volta, porque quis.” Pior que foi! Pois não houve arrependimento, nem pedido de perdão. Pois bem, uma pergunta me pôs a marretar minha cabeça, como malhar o ferro na bigorna, Quais os sinais de um arrependimento sincero? Sinais que não precisam de palavras para explicar, que são como sementes que caem à margem do caminho da volta, que com certeza há de florir para embelezar o jardim da vida a dois. O primeiro sinal de quem se arrependeu e quer voltar e o gesto de arrumar as malas. Ai surge outra pergunta: arrumar as malas com que, sendo que quem saiu sempre acaba perdendo tudo que levou? Quem saiu tem a impressão que levou tudo, quem é deixado fica com a sensação de quem tudo perdeu. Mas acontece que quem saiu não leva nada, as malas estão vazias, se levasse alguma coisa nunca sentiria a necessidade da reconciliação. Deve-se, arrumar as malas com aquilo que você deixou quanto partiu. Não pode esquecer-se de colocar na mala o amor que você recusou a receber, o carinho que você desprezou, não pode faltar o sonho que você abortou, pois o mesmo é um ótimo remédio para cicatrizar a ferida que você fez e ainda apagar as marcas da machucadura. Quando voltar ao antigo lar, ao antigo não, ao primeiro, não hesite em usar sua mesma chave para abrir a porta, porque quem sempre amou de verdade nunca muda a fechadura. A pessoa sempre vai está disposta a te receber, mesmo que não esteja decidida a deixar você permanecer. Só não seja afoito para entrar, abra bem a porta, deixa a luz entrar antes, para que as realidades encontradas fiquem bem entendidas por você. Não se esquive dos detalhes, perceba que nada mudou desde sua partida, a não ser sua imagem que começou a desbotar nas paredes do coração do outro e que cabe a você retocar com a tinta do amor. Esse desbotamento é quase que normal, pois são causados pela distancia e o tempo. Distancia e tempo que não é geográfica nem cronológica, mas afetiva. É fundamental que eu entenda uma realidade, embora difícil de se admitir, porém, verdadeira, eu sim mudei. Abandonei um ambiente que jorrava amor, para cavar cisterna em terreno árido. Digo isso porque sempre achamos que o outro tem de mudar para atender as exigências nossa. Prepara-te para dar uma resposta, porque essa pergunta não vai faltar: “por onde você andou”? Responda tudo, não esqueça nada, nenhum detalhe, não deixe margem para o mistério, pois ele é inimigo da confiança. Hei, espere, tenha calma, respire fundo, pense no que você vai falar! O outro não quer saber de suas paixões vividas de suas loucuras de “amor”. Isso não revela um coração arrependido, mas um aventureiro de ocasião. Lembrei de um trecho de uma música de Roberto Carlos, onde ele tem que dar essa mesma resposta, veja bem como ele conta com detalhes por onde andou, quando se ausentou do amor. “onde andei não deu para ficar, porque aqui, aqui é meu lugar, eu voltei pras coisas que eu deixei, eu voltei”! Isso é tudo que o outro quer ouvir, pois demonstra que nas paixões onde seu coração singrou, não encontrou porto seguro para se atracar. É amigo! O caminho de volta e duro, tão diferente da estrada larga de retas intermináveis de quando se sai. Não se apavore, não desanime, apesar de serem passos dados no chão da indecisão. Porque você não sabe se o outro ainda mora no paraíso que você abandonou. O caminho é duro, porque é real, não está pavimentado com ilusões. Todavia, você há de convir comigo em uma coisa, todo caminho que nos leva a um paraíso paradisíaco, nunca acaba numa via pavimentada, tem sempre aquela entrada que não da mais pra ir de carro. É uma trilha cheia de obstáculos, que desemboca num lugar que é quase um céu. Só não digo que é o céu, porque tem míninos detalhes para serem ajustados. Que ajustes são esses? Tenho vontade de rir com essa pergunta, não, não é nada pessoal. É porque me lembrei de outra história, um amigo me surpreendeu dizendo: “Vitório, reze por mim, pois sai de casa, acabou meu casamento e estou saindo com coração ferido”. Seis meses depois ele me ligou dizendo: “Vitório reze por mim, voltei pra casa, optei por restaura a velha estrada do que abrir um caminho novo, confesso que estou me sentindo um pássaro fora do ninho em minha casa”. Eu respondi pra ele: “Você voltou não porque saiu com coração ferido, mas retornou porque feriu seu coração nos lugares por onde andou. Tenha paciência o amor cura todas as feridas, ainda bem que você encontrou o paraíso que abandonastes e o amor de braços abertos a te acolher”. Deu pra entender o que é arrependimento? As atitudes têm que demonstrar para o outro que houve mudança, que você é o príncipe, ou princesa com que o outro sonhou. Não o sapo e a sapa do pesadelo do outro.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

DEPONDO AS ARMAS

Há mais de 30 anos atrás eu tive um vizinho assassinado numa circunstancia pouco comum. Ele embrenhou pelo mundo da marginalidade, saiu do bairro onde morava e foi residir na favela Morro do Papagaio, reduto de muita fama e violência na época. Na guerra de bandidos para ver quem dominava o Morro, ele matou um bandido muito famoso na época, que tinha apelido de diabo loiro. Então fama do Milton aumentou mais ainda, ficou respeitado no morro, comprou uma pistola 9 mm que era o top das armas na época é começou a falar em bom tom que o próximo seria o pelezinho, bandido mais temido da favela, que tinha fama de justiceiro. Pelezinho ficou sabendo e mandou um comparsa dele se aproximar do Milton de fazer amizade. Entre um papo e outro o Milton disse que tinha comprado uma pistola Alemã 9 mm, fingindo-se curioso o comparsa de Pelezinho pediu pra ver a arma, quando o Milton colocou a arma na mão dele, o cara disparou 9 tiros contra ele, Milton morreu com a arma que ele tinha comprado pra se defender. Talvez vocês estejam questionando, o que tem esse fato, com nosso encontro de cura? Eu digo tem tudo haver, pois vou falar agora justamente sobre as armas que prendemos em nossas mãos, para nos defender e nos tornamos vítimas delas. Vamos acompanhar atentamente a narrativa do possesso de Genesaré (Mc 5,1-20) “Passaram à outra margem do lago, ao território dos gerasenos. Assim que saíram da barca, um homem possesso do espírito imundo saiu do cemitério, onde tinha seu refúgio e veio-lhe ao encontro. Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar”. (V 1-4) Na narrativa da ressurreição da filha de Jairo e da mulher do fluxo de sangue, nós percebemos que eles não hesitaram e romper e desobedecer a Lei, porque ela era incapaz de responder ao anseio que ambos traziam. Agora estamos em Genesaré, território pagão, onde o homem possesso não hesita em romper com o sistema vigente, para ir correndo ao encontro de Jesus. O sistema era inoperante, não conseguia a libertação daquele homem e porque não conseguia o excluiu, considerando-o um homem morto. Veja que ele tinha seu refúgio (casa) no cemitério. Quem mora no cemitério é defunto, não tem vida. Mais uma vez o evangelho nos coloca diante de dois pontos antagônico, onde temos que decidir. Optamos por ficar em um sistema incapaz de gerar vida em nós, ou corremos na direção do Senhor Jesus. O que mais temos hoje em dia são filosofias religiosas prometendo resolver o drama do sofrimento humano, preencher o vazio existencial do coração do homem. Todo dia aparece uma nova seita, dizendo-se portadora de uma noticia nova, que num passe mágico vai resolver o drama do homem. Contra esses, Paulo escreve: “De fato, não há dois (evangelhos): há apenas pessoas que semeiam a confusão entre vós e querem perturbar o Evangelho de Cristo. Mas, ainda que alguém - nós ou um anjo baixado do céu - vos anunciasse um evangelho diferente do que vos temos anunciado, que ele seja anátema”. (Gal 1,7-8) Por outro lado o possesso de Genesaré, apesar de excluído pela sociedade se considerava um homem livre. Ele se achava acima da lei que regia seu território. Vejam só o que diz o texto: “Não podiam atá-lo nem com cadeia, mesmo nos sepulcros, pois tinha sido ligado muitas vezes com grilhões e cadeias, mas os despedaçara e ninguém o podia subjugar” Nada prendia esse homem, ninguém, nem instrumento algum eram capazes de subjugar. Podemos chamá-lo de Rambo de Genesaré. Herói do exercito Americano interpretado por Stallone. Johon Rambo como era conhecido, derrotava sozinho um exército inteiro, com sua força e habilidade em lidar com diversos armamentos. Entretanto em sua serie de filmes, depois de sangrentas batalhas vencidas por ele, sempre acabava em um lugar solitário e com várias feridas pelo corpo, Rambo era vítima de sua própria ousadia. Vejamos o que o texto de Marcos fala sobre o possesso: Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando e ferindo-se com pedras (Mc 5,5) Ninguém feria esse homem, nem mesmo o sistema que por incompetência o exclui, mas não o feriar, ele era vítima de se mesmo. Feria-se com as pedras que lhe serviam de armas para sua defesa. Certa vez eu atendia um casal que estavam praticamente separados, eles vieram me procurar pedindo ajuda para ver se salvava o casamento. Quando dei a palavra para a esposa, ela começou a disparar acusações contra o marido em tom de muita ira. Ele então a interceptou, dizendo: “Não da pra conversar, pois você já vem armada para o diálogo”. Ela respondeu: “Claro que venho armada, já fui muito ferida por você”. Eu então entrei no meio e disse para ela, você não foi ferida, você está ferida e se ferindo ainda mais. A esposa concordou dizendo assim: “Sim, estou mesmo e ele está me ferindo”. Eu repliquei, Ele não te feriu nem está te ferindo, você está se ferindo com as armas que você trouxe para o diálogo. Nós estamos em um diálogo não em um campo de batalha, se você não depuser as armas, vai se ferir mais ainda, ao ponto de ser impossível a cura. Nós temos a tendência de ficar olhando para a mão do outro, tentando ver o aguilhão que nos fere, esquecendo de olhar para o deposito de armas e armas letais que estão no depósito de nosso coração, hora usamos uma, hora usamos outra, mas é sempre arma. Vejam que ironia, o deposito de armas da quarta companhia do exercito em Belo Horizonte explodiu há alguns anos atrás, matando dois soldados que faziam a guarda do local. É sempre assim, quando nosso depósito de armas e munições explode, nos que o guardamos somos os primeiros a sermos atingidos. Quando falo de armas, falo de sentimentos pobres, completamente desprovidos de valores, portanto incapazes de nos motivarem para a vitória. Falo de ódio, mágoa, ressentimento, rancor. Paulo escrevendo aos efésios diz: Mesmo em cólera não pequeis. Não se ponha o sol sobre vosso ressentimento. Não deis lugar ao demônio (Ef 4,26-27) encolerizar muitas vezes, ou quase sempre independe de nós, agora o que fazer com nossa cólera depende de nós, por isso Paulo diz, “mesmo em cólera não pequeis”. Por isso podemos usar a cólera como trampolino para alçar voou e vencer os contratempos, em vez de amarrá-la como enorme pedra aos pés e afundar-se no mar. Não se ponha o sol sobre vosso ressentimento, significa que de um dia para o outro podemos dormir sem dar nosso perdão. Quem dorme ressentido com o outro, dá lugar ao demônio no canto da cama. Além das armas temos que prestar atenção com as munições que as carregamos. O complexo de solidão, angústia, ansiedade, sentimento de inferioridade e rejeição, carência de afeto e outros. Entenderam agora, porque quando Jesus pergunta o nome do demônio e responde: “Legião é o meu nome, porque somos muito” (Mc 5,9) Voltando ao personagem Johon Rambo, sempre que acaba um filme ele deixa a entender que outras batalhas viram, porque armas alimentam guerras. Com esse arsenal de sentimentos negativos dentro de nós, estamos sempre alimentando guerras, o pior é que quando acaba uma batalha, como Johon Rambo sempre terminamos solitários e com muitas feridas no coração. Meu irmão chega de bombardear seu próprio coração, é hora de depor armas é hora de render-se totalmente ao senhor Jesus, como fez o homem de Genesaré. Deixa Jesus precipitar essa legião de armas no fundo do mar e ainda colocar uma placa no local com os seguintes dizeres: “é proibido pescar”. É agora a hora de acenar a bandeira branca da paz, cantando assim: “Bandeira branca, amor não posso mais, pela saudade que me invade eu peço paz”. Saudade de ser Feliz, peçamos ao Espírito Santo a graça de depor nossas armas, de soltar a pedras que nos ferem.

O CAMINHO DA CURA

Como já dizia o poeta espanhol, Antônio Machado: “Não há caminho, o caminho se faz caminhando”. Por isso nosso primeiro tema nesse workshop de cura e libertação tem como tema “o caminho para a cura”. Espero que tenhamos paciência e perseverança para caminharmos na passada de Jesus, que é uma passada eficiente, eficaz, mas nem sempre na velocidade que nossa ansiedade determina, e sim na velocidade que suportamos. No caminho para a cura temos que ficar atentos as placas indicativas que o Senhor Jesus coloca ao longo do trajeto, não podemos vacilar, se isso acontecer abortamos o homem novo, a mulher nova que está sendo gestada em nós. Jesus ao retornar do território de Genesaré, onde havia libertado o homem possesso pela legião de demônios, é surpreendido por uma multidão que o esperava na praia. Mas a grande surpresa ficou por conta de Jairo, chefe da sinagoga. “Um dos chefes da sinagoga chamado Jairo, se apresentou e, à sua vista, lançou-se a seus pés e rogando-lhe com insistência: Minha filha está nas últimas. Vem impõe-lhe as mãos para que se salve e viva. Jesus foi com ele e grande multidão o seguia comprimindo-o” (Mc 5,22-25) A primeira situação que temos que observar é que diante da gravidade do fato, Jairo procura primeiro por Jesus. Ele não era seguidor de Jesus, era fariseus, seguidor da Lei. Só que Jairo chega a compreensão que a Lei que ele observava de maneira irrepreensível, tornará incapaz de resolver a grave situação em que se encontrava sua filha. Muitas vezes quando a situação acontece conosco, Jesus é a última pessoa que procuramos, quando procuramos. Primeiro vamos aos meios científicos da área da saúde, recorremos ao melhores médicos e medicamentos quanto isso é possível. Não estou aqui dizendo que procurar o médico e usar medicamentos seja errado. Só estou dizendo que a ciência e limitada. Veja aqui na mesma leitura o caso da mulher com fluxo de sangue: “Sofrera muito nas mãos de vários médicos, gastando tudo o que possuía, sem achar nenhum alívio, pelo contrário, só piorava cada vez mais”. (Mc 5,26) A caminho do médico devo recorrer primeiro a Deus. Outro ponto importante a ser observado e a primeira frase do verso vinte e cinco, “Jesus foi com ele”. Deus caminha conosco, seja qual for o caminho a ser percorrido, mesmo que estejamos entrincheirados pelo fogo do inimigo, Deus não nos abandona. Lembro de uma cena do filme Forest Gump, o contador de história. Quando ele se alistou no Exército Americano e foi lutar na guerra do Vietnam. O pelotão em que ele estava com seu amigo, soldado Buba, foi surpreendido por uma emboscada dos Vietcongues, diante do fogo inimigo o comandante do pelotão pediu que todos corressem. Forest, obediente a voz de comando partiu em disparada, quando estava em local seguro, percebeu que o Buba não o tinha acompanhado. Decidiu voltar para encontrar o companheiro, quando os outros soldados interferiram dizem pra ele não ir, ele respondeu: “Não sou de abandonar companheiro na guerra”. Jesus não te abandona na guerra contra a enfermidade, ou qualquer sofrimento. “Ainda que eu atravesse o vale escuro da morte, nada temerei, pois estais comigo. Vosso bordão e vosso báculo são meu amparo. Precisamos fazer também a leitura do que se passava no coração de Jairo. “Jesus foi com ele e grande multidão seguia comprimindo-o”, ou seja, Jesus tinha dificuldade de caminhar, deslocava muito lentamente. Pra você entender a situação de Jairo é preciso que você fique na pele dele. Imagine-se dentro de um carro, com o filho em estado grave, indo para o hospital as 18 horas, na avenida Cristiano Machado, em Belo Horizonte, com o trânsito todo parado e vc num velocidade média de 7 Km por hora, naquele arranca e para. Jairo queria pressa, mas o momento era de lentidão. Temos que aprender caminhar nos passos do Mestre, Não adianta você chegar a sua casa sem Jesus, pois a graça só acontece quando ele entra em nossa morada. No meio do caminho, sempre aparece o tentador de plantão. Jairo já agoniado com a situação da filha e a lentidão de Jesus; encontra com mensageiros vindos de sua casa com a notícia: “Tua filha morreu. Porque ainda incomodas o Mestre”? (Mc 5,35) Tua filha morreu. Tem notícia pior que essa para um pai, ou uma mãe ouvir gente? Claro que tem. Porque ainda incomodas o Mestre? Essa pergunta que eles fizeram, foi um tiro de fuzil AR 47 na fé de Jairo. A filha já tinha morrido, agora queriam assassinar a fé dele. A morte chega não é quando a doença não tem cura, mas quando a fé é assassinada. Por esse motivo no caminho de cura Jesus nos estimula a todo tempo dizendo: “Não temas, crer somente” (Mc 5,36) Tirando o foco de Jairo, vamos agora olhar para a mulher que há 12 anos vinha sofrendo com uma hemorragia. “Tendo ela ouvido falar de Jesus, veio por detrás, entre a multidão, e tocou-lhe no manto.. Dizia ela consigo: Se tocar, ainda que seja na orla do seu manto, estarei curada. Ora, no mesmo instante se lhe estancou a fonte de sangue, e ela teve a sensação de estar curada”. (Mc 5,27-29) Essa mulher sofria de hemorragia há 12 anos, estava enfraquecida, anêmica, falida emocionalmente e também financeiramente, pois tinha gastado tudo que possuía. Como já vimos. Esses eram apenas obstáculos internos, agora vamos listar os externos. Uma grande multidão de acotovelando para poder tocar em Jesus, devia ser dia de sol escaldante e ainda tinha a Lei de Moises que proibia ela de está ali, pois no período menstrual a mulher era considerada impura, proibida de sair de casa e de encostar-se a qualquer pessoa que fosse, caso infligisse a lei, era penalizada com a morte (cf Lv 19,25-31) Onde essa mulher encontrou motivo para vencer tudo isso até chegar próxima de Jesus ao ponto de tocar na orla de seu manto? Lembrem-se, ela teve que fazer um caminho, caminho esse cheio de obstáculo, que sem motivo ninguém faria. Voltando ao início do verso 27 encontramos a seguinte frase: “Tendo ela ouvido falar de Jesus”. É quando ela escuta a boa nova do Evangelho que ela inicia o seu caminho de cura. Ela estava distante, sofrendo, vendo ir embora seu dinheiro e patrimônio e a situação da doença só piorando. Foi nessa circunstancia desfavorável que ela ouviu falar de Jesus e decidiu fazer o caminho de aproximação. A cada obstáculo vencido era uma etapa de sua cura. Muitas pessoas hoje em dia, querem ser curadas de seus diversos males, mas não querem fazer o caminho de conversão, de mudança de vida, de rompimento com o pecado. Por esse motivo a gente ver tanta gente passando pelos atalhos. (os Apóstolos, Valdomiro da vida e os Edir Macedo da vida) Esses dias, eu passei na porta de um comercio, onde funcionava uma dessas “igrejas” O pastor pedia para as pessoas irem para a fila, onde uma determinada pastora ia da a unção da beleza, onde os bonitos iam ficar mais bonitos e os feios iam ficar bonitos, a fila já estava do lado de fora da igreja. São pessoas que querem passar por atalhos e não se comprometerem com a verdade do Evangelho. Há 26 anos atrás, quando pela primeira vez eu pisei em um grupo de oração, ao sair a coordenadora me disse: “Deus está iniciando hoje uma obra em sua vida”. Ela não disse que Deus tinha feito, mas que estava iniciando uma obra. A cada dia que vou rompendo os obstáculos e me aproximando de Jesus, vou sendo curado. A obra só termina quando eu morrer, mas enquanto estiver nesse mundo, sobre a tenda da carne, eu necessito de ser curado. Infelizmente tem pessoas que se acomodam, deixar de seguir Jesus, ou seja, abandonam o caminho e vive do chamado “bico espiritual”, vai numa missa de cura aqui, outra ali, quando tem um pregador famoso na cidade, ou no grupo de oração ela aparece, está sempre pedindo oração por telefone, ou coisa parecida, mas nada de fazer o caminho de conversão. Um dia recebi o telefonema de uma pessoa me convidando para almoçar na casa dela em um domingo, eu disse: “vou sim”. Ela então emendou: “ai você aproveita e reza pra meu filho fulano, pra minha filha beltrana, para minha nora, para meu genro e também para meu marido que não gosta de ir à missa. Eu respondi agora o difícil vai ser encontrar um domingo vago em minha agenda, pois estou sempre pregando encontro nos finais de semana. Se você quiser pode trazê-los aqui na Comunidade Reviver que eu rezo com eles. Vamos pedir a Jesus, que restaure nossa fé, para que tenhamos a paciência de Jairo e a fé da mulher do fluxo de sangue, para fazer o caminho de cura.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Eliminado fantasma

Ontem eu tive a graça de ir a Comunidade Terapêutica Nossa senhora da Divina Providência, lugar que pertence a Comunidade Católica Reviver, onde o trabalho e direcionado a recuperação da dependência química. Enquanto os profissionais de serviço social e psicologia atendiam os residentes, eu resolvi usufruir da academia. Enquanto corria na esteira, isso mesmo corria, porque alguém pode duvidar que seja capaz disso. Meu pensamento divagava pelos mais de 15 anos de trabalho, que ali é realizado. Eu agradecia a Deus pelo progresso da comunidade terapêutica. Como melhoramos nossa infraestrutura física e também aprimoramos nosso programa terapêutico. Sendo assim, não teve como deixar de fluir na memória a desculpa de um residente dos primórdios da comunidade terapêutica, para não concluir o tratamento. “Vou embora, porque isso aqui não é o céu que eu esperava que fosse”. Confesso que fiquei frustrado porque não consegui convencê-lo a mudar de idéia e continuar o tratamento, a pior sensação foi à interpretação que eu dei ao que ele falou. Pensei comigo: “Estar mergulhado nas drogas, correndo todo tipo de risco, o faz mais feliz do que está aqui tratando da dependência”. Pois é amigo! Depois de tantos anos passados, nem sei mais por onde você anda, se encontrou, ou não o céu que você concebera no coração, mas aqui me encontro, não para convencê-lo a tratar, mas para colocar fim a essa frustração que há anos tornou-se meu hospede indesejável. Pois bem, meu caro amigo. O céu, ou o inferno, nós não encontramos, nós os construímos. A comunidade terapêutica não era o céu que você sonhou, porque o céu sonhado por ti se quer chegou a ser um projeto, portanto não foi construído. Agora eu entendo porque ali se tornou um lugar insuportável para você. Muitas vezes nós estamos à procura de um refúgio, de um lugar seguro, onde os fantasmas que nos amedrontam sejam incapazes de nos encontrar. Só que fantasma é fantasma, ele sempre da um jeito de entrar em nossa mala. Alias na hora de escolher o que vamos levar para nosso refúgio, nunca deixamos os fantasmas de fora. Costumamos deixar coisas essenciais para trás, mas o fantasminha camarada sempre se dá um jeito de levá-lo. Com o fantasminha fustigando o coração, não tem lugar sossegado pra você curtir o nascer e o por do sol. Sabe que lembrei agora? Da música Casinha Branca, composta por Gilson. Na letra o autor reclama que tem andado sozinho, que nada lhe dava prazer, sentia a felicidade cada vez mais distante, vendo em sua mocidade tanto sonho perecer. Talvez a parte que mais nos lembramos da música seja o refrão, porque ele é o sonho de consumo de toda pessoa. “Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde Pra plantar e pra colher Ter uma casinha branca de varanda Um quintal e uma janela Para ver o sol nascer”. Todo mundo quer ter sua “Casinha Branca”. Mas ela parece tão distante, a gente sabe que ela existe, entretanto parece está num lugar inatingível. Que bobagem! Todos nós temos essa casinha branca é ela está num lugar bem acessível, todavia, precisamos está sóbrio para tê-la e fazer com que ela permaneça conosco. Sabe, eu fico buzina da vida com o marinheiro Popeye, ele tem sua “casinha branca”. Tem um navio, ter navio sugere que ele tenha dinheiro, tem uma namorada, Olivia Palito, apaixonada por ele, se bem que ela não é tão bonita, mas ele também não é nenhum ícone de beleza, pelo contrário. Popeye tem a felicidade em suas mãos. O problema e quando aparece o grande conflito: o “Brutos”. Brutos bate nele, toma-lhe o Navio, dinheiro e namorada, o marinheiro não esboça nenhuma reação. Vai pro seu canto choramingar. A reação dele começa quando alimenta-se de sua porção mágica o “espinafre”. Todos nós podemos enfrentar os nossos fantasmas, enfrentá-los de cara limpa e vencê-los, mas a tentação do “espinafre parece ser mais forte. Outro dia vi dois adolescentes brigando na porta de uma escola, um deles o mais franzino. Logo se armou com uma pedra. O outro de punhos serrados e fazendo pose de boxeador dizia: “você não confia em sua mão não? Joga essa pedra fora e vem me encarar no braço”. É isso mesmo, precisamos jogar a pedra fora, ou o espinafre como queira. Faz-se necessário confiar em nosso braço pra derrotar os fantasmas que nos atormenta. Com a pedra na mão, temos a sensação de força e liberdade, mas a verdade é que ela nos neutraliza. Quem tem a pedra na mão sempre pensa: “e se eu jogar e errar o fantasma”? Temos como exemplo o possesso de Gerasa Ele se imaginava um homem livre, porque o sistema não conseguia subjugá-lo, ele arrebentava todas as algemas e correntes com que o prendiam. (cf Mc 5,3-4) Entretanto o Evangelho afirma: Sempre, dia e noite, andava pelos sepulcros e nos montes, gritando, e ferindo-se com pedras (Mc 5,5) Veja ninguém o feria, mas ele era algoz de se mesmo. O que nos fere está preso em nossas mãos. A verdade é que eu quero agradecer a esse amigo, que para lhe tirar do anonimato Vou Chamá-lo de Teófilo que significa amigo de Deus. Com você Teófilo eu estou aprendendo muito. Eu sempre quis achar o “meu céu”. Agora eu estou aprendendo a construí-lo, graças a Deus! Quem tem medo de enfrentar seus fantasmas, nunca vai encontrar sua “Casinha branca”!

domingo, 27 de janeiro de 2013

SAUDADE DO OUTRO

Nunca aventure brincar com a saudade do outro! Ela é tão sacra quanto a seu livre arbítrio e a sua necessidade de amar e ser amado Procure conhecer melhor seu imo, porque a amizade, o amor e a saudade sempre encontram guarida dentro de nós. É nossa bagaceira indispensável na viagem que fazemos pela estrada vida. Sem amizade e sem amor, a saudade não encontra razões para viver. E a vida seria uma úlcera aberta, que atormenta de maneira terrivelmente dolorosa. Se algum dia a saudade se pronunciar dentro de você, escute-a com sensibilidade de coração. Pela amplitude de sua saudade, você descobrirá a estima e a necessidade de quem está distante de você. Depois de ter sentido a dor da própria saudade, você terá certeza que a saudade do outro merece reverência!

sábado, 26 de janeiro de 2013

MUTUALIDADE

Eu criança imatura, em teus braços me sinto menino. Seguro, sereno. Sou como barco pequeno que navega em mar aberto, calmo, onde tudo é brandura Adormeço como anjo. Vou e volto em sonhos, sonhos lindos, bem vindos. Restauro-me descansando em ti. Teu coração grita que me amas! E em mim o coração feliz fala em mutualidade. Meu amor também é todo seu, todo segundo, cada minuto, toda hora, em todos os dias. Seja em qualquer estação, nas tempestades e calmaria. Vitório Evangelista Chaves