quinta-feira, 8 de agosto de 2013

ÁGUAS DE MERIBA

Como não havia água para o povo, este juntou-se contra Moisés e Aarão, e, levantando-se em motim, disseram: “Antes tivéssemos morrido, quando morreram nossos irmãos diante do Senhor! Para que trouxestes a comunidade do Senhor a este deserto, a fim de que morrêssemos, nós e nossos animais? Por que nos fizestes sair do Egito e nos trouxestes a este lugar detestável, em que não se pode semear, e que não produz figueiras, nem vinhas nem romãzeiras, e, além disso, não tem água para beber?” Num 20,2-5
Um fato me chama atenção nesse episódio conhecido com águas de Meriba, ou contenda. (Num 20,13) São as palavras duras que a assembléia dos israelitas pronuncia para manifestar seu descontentamento com a situação encontrada nessa etapa do êxodo pelo deserto na região de Cades. Manifestam o desejo de terem morrido na escravidão do Egito, chamam aquele lugar de terra detestável e reclamam que a terra não produz. Essa não é a primeira vez que isso acontece. Em outras situações de desconforto no deserto, o povo conduzido por Moises sempre manifestou o desejo de voltar a terra da escravidão, chegava a dizer que estavam até mesmo com saudades dos melões, das panelas de carne e cebolas do faraó. Juntando a essa revolta nas águas de Meriba, a expedição dos líderes de tribo a terra de Canaã, seja as palavras mais duras ditas pelos hebreus no deserto. No caso da expedição, eles chegam a reconhecer que a terra prometida era realmente como Deus tinha falado, terra que corre leite e mel, os frutos que eles tinham colhidos era a testemunha da veracidade da promessa de Deus. (cf Num 13,27) Entretanto, por causa dos obstáculos que encontraram, (Num 13,28) e do sentimento de inferioridade que tinham: “Não somos capazes de atacar esse povo”; são mais forte que nós. (Num 13,31) “Parecíamos gafanhotos comparados com eles”. (Num 13,33) Eles então depreciaram a terra que Deus lhes havia prometido, dizendo: “A terra- disseram eles- que exploramos devora seus habitantes, os homens que vimos ali são de grande estatura”. (Num 13,32) Eles chegaram ao cúmulo de dizer: “Oxalá tivéssemos morrido no Egito, ou nesse deserto, porque nos conduziu o Senhor a esta terra para morrermos a espada”? A verdade é que com essa revolta e com palavras tão duras o povo manifestou sua falta de fé na promessa de Deus e fez um voto íntimo com o sofrimento e a morte. Nenhum israelita saído do Egito entrou na terra prometida. Todos morreram no deserto como eles tinham desejado. (cf Num 14,2) ficou quarenta anos dando volta no deserto, um percurso de 300 km, gastaram 40 anos para percorrer, até que morresse toda geração saída do Egito e nascesse e crescessem a geração nascida na liberdade do deserto. Nem mesmo pessoa de destaque foi poupada da morte no deserto. Maria irmã de Moises morreu no deserto de Cades, Aarão, irmão de Moises e colaborador, morreu em Edom no cimo do monte Hor. (Num 20,22ss) Moises o grande profeta e libertador morreu no cimo do monte Nebo depois de contemplar de longe a terra da promessa. (Dt 34 1ss) Precisamos ficar atentos as esses acontecimentos do passado, deixá-los iluminar nossa caminhada no mundo hoje. Deus no prometeu também uma terra que corre leite e mel, o que eu estou fazendo com essa promessa? Olha que não estou nem falando de eternidade, de escatologia, estou falando de nossa realidade no mundo que vivemos. Seu casamento, seus filhos, ou seja, qual for seu estado de vida (solteiro, ou casado) é uma terra prometida é lugar de felicidade, seus sonhos e seus interesses que ainda estão por realizar e terra que corre leite e mel. Entretanto qualquer que seja a promessa de Deus para nós, encontraremos obstáculos que precisaram de paciência, fé e perseverança para serem vencidos. É preciso entender que somente quem nasceu livre encontra força para dizer como Josué e Caleb: “Vamos apoderamos da terra, porque podemos conquistá-la”. (Num 14,30) Muitas vezes achamos que somos livres, mas nossas atitudes mostram que estamos ainda condicionados a uma vida de escravos. Quando vejo uma pessoa que só sabe murmurar, queixar das dificuldades da vida e falar palavras malditas; lembro de episódios de minha infância, que era muito comum e meu avô e meu pai. Os dois eram domadores de animais na roça, gostavam muito de domar cavalos. Eles pegavam um potro xucro e o animal pula, não aceitavam rédea nem cela, para prendê-lo era preciso usar cabresto e marrar num tronco forte, senão ele arrebentava e corria pra manga. Com o passar do tempo o potro ia acostumando com a cela, com a rédea e ai já podia até colocar o freio. Para amarrar o animal bastava solta a rédea no chão ou em qualquer ramo que ele não fugia. Ou seja, estava condicionada a vida de um animal amarrado com cabresto e poste firme, que não arriscava a tentar fugir, mesmo estando praticamente livre. Paulo escrevendo aos Gálatas diz o seguinte: “É para que sejamos livres que Cristo nos libertou”. Portanto não podemos nos deixar escravizar por nenhuma situação que nos leve a abortar nossos sonhos e nossa felicidade. O Homem livre é a pessoa que fez experiência de salvação em Cristo Jesus. É a pessoa que despojou da velha criatura na cruz do Senhor Jesus, tornando se nova criatura, pelo poder de sua ressurreição Sigamos o conselho do apóstolo Paulo. “Nem vos entregueis a impureza como alguns deles se entregaram e morreram num só dia vinte e três mil. Nem tentemos o Senhor, como alguns deles o tentaram, e pereceram mordidos pelas serpentes. Nem murmureis, como murmuraram alguns deles, e foram mortos pelo exterminador. (1Cor 10,8-10) Diante das dificuldades e sofrimentos possamos dizer: “Mas em todas essas coisas, somos mais que vencedores, pela virtude daquele que nos amou”. (Rm 8,37)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

FAZEI DISCÍPULOS

Neste Hosana formação, quero tomar como palavra rehma o belíssimo texto guardado pelo profeta Isaias 54,1-2. “Dá grito de alegria, estéril, tu que não tens filhos: entoa cânticos de júbilo, tu que não dás a luz, porque os filhos da desamparada serão mais numerosos do que o da mulher casada, declara o Senhor. Amplia o espaço de tua tenda, desdobra sem constrangimento as telas que te abrigam, alonga tuas cordas, consolida tuas estacas, pois deveras estender-te à direita e à esquerda; teus descendentes vão invadir as nações, povoar as cidades desertas”.
O contexto dessa profecia é muito interessante, pois ela acontece num momento de dor e sofrimento para o povo de Israel. Era o período do exílio na Babilônia. O exílio era diferente do regime de escravidão no Egito, na Babilônia o povo gozava de certa liberdade, podiam plantar e até celebrar sua liturgia, mas o certo é que estavam longe de sua terra e de sua cultura, longe do templo e muitos dos exilados tinham deixado familiares para trás e que a muito não viam nem tinham noticias. Nesse contexto, Deus os chama a construir o presente olhando para o futuro. Israel que era como mulher estéril que não gerava filhos, por isso sentia-se como desamparada, Deus a convidava para alegrar-se com gritos de júbilo, pois haveria de ser mãe de muitos filhos. Para isso era necessário melhorar a infra-estrutura ampliar a tenda, abrir espaço para acomodar todos os que a providencia divina iria trazer. Isso se aplica a igreja, mas, sobretudo hoje no contexto deste Hosana formação se aplica a RCC BH, particularmente aos nossos grupos de oração. Se não somos uma esposa estéril, graças a Deus não somos mesmo, pois é graça do Batismo no Espírito santo nos tirou da esterilidade, somos pelo menos uma mulher que engravida, mas não consegue segurar a gestação, isto explica porque sempre temos gente nova no grupo de oração, mas que não perseveram por muito tempo. Deus tem para nós tempo novo, de grande fecundidade apostólica, basta saber ler os sinais que ele está escrevendo na história recente da Igreja, onde os três últimos pontífices foram enfáticos em demonstrar a importância da RCC para a Igreja, o Beato João Paulo II a define como nova primavera para a Igreja, dando lhe comissão a de ser para a Igreja o rosto de pentecostes e espalhar no mundo a cultura de pentecostes. Em sua entrevista dentro do avião que o levaria para Roma, após a JMJ, o Papa Francisco disse o seguinte, quanto foi perguntado sobre a RCC: “Eu vou dizer uma coisa: nos anos 1970, início dos 1980, eu não podia nem vê-los. Uma vez, falando sobre eles, disse a seguinte frase: eles confundem uma celebração musical com uma escola de samba. Eu me arrependi. Vi que os movimentos bem assessorados trilharam um bom caminho. Agora, vejo que esse movimento faz muito bem à igreja em geral. Em Buenos Aires, eu fazia uma missa com eles uma vez por ano, na catedral. Vi o bem que eles faziam. Neste momento da igreja, creio que os movimentos são necessários. Esses movimentos são uma graça para a igreja. A Renovação Carismática não serve apenas para evitar que alguns sigam os pentecostais. Eles são importantes para a própria igreja, a igreja que se renova”. Para que esse tempo de graça não passe sem que colhamos os frutos, é preciso que sejamos servos que tenham visão do projeto de Deus para a RCC. Sem ter essa visão definida do que Deus quer para nossos grupos de oração, vamos está sempre apagando incêndio em vez de programar o crescimento sistemático do grupo de oração. É muito bom está falando para servos de grupo de oração, servo sugere que eu esteja falando para pessoas que exercem algum tipo e grau de liderança sobre outras pessoas, então temos que ter visão do grupo de oração e do ministério que exercemos. Nas embarcações antigas havia um Marinheiro que viajava em uma gaiola que ficava acima do mastro, era conhecido como gaioleiro. Por ter uma visão privilegiada do mar, ele orientava os marujos que viajavam em baixo, os colocava a parte do que estava vendo, os motivava quando tinha terra à vista, os levava a se proteger quando tinha ameaça de tempestade. A missão do gaioleiro era de ampliar a visão dos outros para que todos navegassem na mesma direção, com segurança e com esperança de atracarem num porto seguro. No discurso de Paulo ao rei Agripa, quando esse, conta ao rei o testemunho de sua conversão, ele relata o seguinte: “Eu sou Jesus a quem persegues. Mas levanta-te põe-te em pé, pois eu te apareci para te fazer ministro e testemunha das coisas que viste e de outras que hei de manifestar-me a ti. Escolhi-te do meio do povo e dos pagãos, aos quais agora te envio para abrir lhes os olhos, afim de que se convertam das trevas a luz e do poder de satanás a Deus”. (At 26,15b-18) Então evangelizar é anunciar o kerigma, fazer com que cada pessoa tenha um encontro pessoal com Jesus, através desse anúncio. Entretanto faz parte da missão do servo ampliar a visão dos demais, mostrar para eles o que a RCC pensa sobre Grupo de oração carismático. A identidade da RCC é Batismo no Espírito Santo, mas Batismo no Espírito Santo com tudo que engloba essa experiência, que é a conversão continua com busca de santidade e a vivencia dos dons carismáticos na missão do Grupo de Oração. A manifestação e o uso dos dons carismáticos no Grupo de Oração devem ser de uso ordinário e não em ocasiões extraordinária. Hoje a maioria dos Grupos de oração não faz o básico que é a oração em línguas. Coordenadores de Grupo de Oração, ministros de música e animadores, nós temos que motivar os demais membros ao exercício dos dons, Dons de línguas, interpretação de línguas, profecia, dom da fé, dom de cura e milagres, dom de ciências e discernimento dos espíritos. Um grupo de oração que não negligencia os carismas torna-se um celeiro de servos, para todos os ministérios, porque esse é o desejo do Espírito Santo. Não adianta ter um celeiro de servos e não saber o que fazer, ou não seguir um programa sistematizado de formação. Vale aqui lembrar o conselho que Paulo da à Timóteo: “O que ouvistes de mim em presença de muitas testemunha, confia-o a homens fieis que, por sua vez seja capazes de ensinar a outros. (2Tm 2,2) Seguindo essa metodologia de Paulo, temos que prestar atenção em duas coisas importantes, primeira: “O que de mim ouvistes”. O que Timóteo ouviu de Paulo, foi o que Paulo ouvira de seus formadores. Aos coríntios, Paulo escreve: “Eu vos transmiti primeiramente o que eu mesmo havia recebido: que Cristo morreu pelos nossos pecados segundo as escrituras”. (1Cor15,3) Primeiro Paulo recebeu o anúncio do kerigma, do próprio Jesus no caminho de Damasco, de Ananias ele recebeu o sacramento do Batismo, a efusão do Espírito Santo e a consciência da missão, de Barnabé aprendeu a ser pastor e do Espírito Santo, recebeu o conteúdo de seu anúncio, a revelação plena do Evangelho. Veja bem. Se olharmos para a estrutura da RCC, vamos perceber que a metodologia de Paulo é a do Conselho Internacional da RCC, que bebe da fonte da Igreja e repassa para o Conselho Nacional, esse por sua vez passa para os conselhos estaduais que assessora o conselho Arquidiocesano e esse com o ministério de formação passa para os grupos de oração e seus diversos ministérios. Eu pergunto aos servos que estão aqui no encontro, qual e a missão da RCC? A verdade é que ao sair de casa para o grupo de oração, eu tenho que sair imbuído da missão da RCC e infelizmente a maioria de nós não sabemos da missão. Quando muito sabemos da identidade da RCC, é importante saber da identidade. Agora conservar a identidade não significar que estou fazendo a missão. O Batismo no Espírito nos impulsiona para a missão da RCC, mas eu preciso está consciente dessa missão que é: “Fazer discípulos de nosso Senhor Jesus Cristo, evangelizando o povo de Deus no Brasil, a partir da experiência do Batismo no Espírito Santo”. Todos os dia em que me dirijo ao grupo de oração para exercer meu ministério tenho que ter bem consciente, que estou indo evangelizar no poder do Espírito, para fazer discípulos. Para isso é preciso estar também ciente, que meu grupo de oração não é uma ilha isolada na Arquidiocese. A comunhão com a coordenação diocesana que se da através da coordenação de forania e regional, são fundamentais para a concretização de minha missão no Grupo de Oração. A coordenação Arquidiocesana disponibiliza para os membros de nossos grupos de oração o ministério de formação. (Antiga E.P.A) Acontece que se o grupo de oração não fazer a parte dele não adianta ter essa estrutura de formação. Vou dar um exemplo fácil de entender o assunto. Adianta ter uma Universidade Federal em cada município brasileiro, se não tiver a Escola de ensino fundamental? Claro que não vai adiantar, porque ninguém chega à faculdade sem passar pelo ensino fundamental e médio. Caros irmãos e irmãs é o seu grupo de oração quem tem que dá do ensino fundamental (Kerigma) e o ensino médio que e composto do Seminário de Vida no Espírito Santo, Seminário de dons, Seminário sobre Batismo no Espírito Santo e Experiência de Oração. Quando esses seminários acontecem em nossos grupos de oração, significa que nos estamos potencializando pessoas para aprofundarem no processo de formação continua, através Ministério de Formação. Estaremos formando servos para os mais diversificados ministérios, podendo até num futuro, ter um ministério de formação no próprio grupo de oração. Talvez você esteja querendo me dizer: Vitório, mas e se eu fizer tudo isso, como você me pede e não der certo, o grupo de oração ir i pra frente o que eu faço? Meu querido irmão e irmã não fiquem preocupados com esse fato, cabe a nós semear, a colheita pertence a Deus. O importante é terminar a sua coordenação, ou sua carreira de evangelizador com a consciência tranqüila do dever cumprido. O importante é na hora que o senhor nos pedir para sair de cena e passar o bastão da evangelização para outro, e poder dizer como Paulo: “Vós sabeis como não tenho negligenciado, como não tenho ocultado coisa alguma que vos podia ser útil. Preguei e vos instrui publicamente e dentro de vossas casas. Preguei aos judeus e aos gentios a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus”. (At 20,20-21)